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Live RAPS e Estadão: Democracia e Liberdades

5 de agosto de 2020

Live RAPS e Estadão: Democracia e Liberdades

RAPS e Estadão promoveram uma live no Instagram para debater o tema “Democracia e Liberdades” na terça-feira, 4 de julho. Na ocasião, o editor executivo do Estadão, o jornalista Alberto Bombig, entrevistou a diretora executiva da RAPS, Mônica Sodré. A conversa serviu como aquecimento para evento futuro a ser organizado pelas duas organizações e abordou uma série de assuntos relacionados à pauta principal.

Confira os destaques das análises feitas por Mônica Sodré:

Democracia e crise

A democracia está hoje no mundo, não especificamente no Brasil, tanto sob risco quanto em realinhamento. Ela passou por um processos de expansão e há países de terceira onda, principalmente aqueles que se democratizaram dos anos 70 para cá, em que se esperava que estivesse consolidada, e isso não necessariamente tem se dado.

A democracia liberal está em crise tanto em lugares em que já estava consolidada, como em Europa e EUA, quanto em lugares em que é mais nova, em que temos regimes que mantém alguma característica eleitoral, mas ao mesmo tempo tem suprimido liberdades e direitos civis, políticos e sociais. A isso temos dado o nome de regimes híbridos.

A democracia nasceu com algumas promessas e não foi capaz de cumprir em todos os lugares e para todas as pessoas, não significando uma melhor qualidade de vida para todos, por exemplo.

Riscos para a democracia

É um risco quando a gente olha para a democracia apenas do seu ponto de vista eleitoral e esquece que tem a ver também com direito de associação, voto, formação de partidos. Isso não está dado, é uma disputa permanente.

Por outra lado, a democracia também está em risco quando vemos cenário de informações inverídicas e desinformação. Se democracia tem a ver com tomada de decisão de confiança, ela está em risco quando a gente se depara com um arsenal de desinformação.

Em geral, tendemos a achar que a democracia só está em risco quando temos um tanque na rua ou um algum tipo de golpe. E o que os estudos têm mostrado é que nos últimos 20 anos, pelo menos, existe uma nova forma de se minar a democracia: por dentro. As instituições continuam operando com aparente funcionalidade e normalidade, mas o que se faz é um processo de corrosão sistemática das instituições ao não dotá-las de uma capacidade de operação para a função para a qual elas nasceram. Cabe a cada cidadão e as instituições cuidarem para isso não acontecer.

E tem um elemento que é um risco e é muito novo, que são as campanhas coordenadas de desinformação. As fake news são um elemento disso, e não são novas, uma vez que boatos e mentiras fazem parte da política desde que o mundo é mundo. A novidade, no caso, é a capacidade de disseminação e velocidade que essas informações adquiriram por conta de mecanismo muitas vezes artificiais.

Redes sociais e víés de confirmação

As redes sociais encontraram métodos, por meio de algoritmos e técnicas muito sofisticadas, para fazer com que elementos da nossa psicologia estivessem ali. Um deles é o viés de confirmação, que é um traço humano e independe da tecnologia. As pessoas tendem a achar que é verdade aquilo que confirma uma posição prévia delas. As redes sociais, com algoritmos, canalizaram isso.

Eu não acredito que a internet tenha cumprido a sua promessa de ser um ambiente livre, neutro, aberto e desregulado, propósitos com os quais nasceu. Mas também não acredito que a regulação excessiva seja capaz de dar conta do fenômeno que a gente está lidando.

É um problema complexo. Não tem resposta fácil e nem é uma só. A política tem dado lugar a um debate da opinião pública que me parece permanentemente regulado por interferência que tem pura e simplesmente o objetivo de deturpar entendimento das pessoas. Boa parte do debate político está intermediado pelas plataformas digitais, e elas se movimentam pegando vieses e elementos da psicologia humana e canalizando para esse debate que se torna polarizado. Dá para ser diferente? Sim, mas acredito que isso vai ter passar por uma discussão grande da sociedade. Não é apenas uma questão de regulação.

PL das Fake News no Congresso

A regulação é importante, mas sozinha não é o suficiente para dar conta da complexidade do problema. Um dos elementos, por exemplo, é educação para a informação. 60% da população está em uma plataforma como o WhatsApp e 46% se informa por esse aplicativo, e não por veículos tradicionais. Algum tipo de regulação precisa ter.

E aí entramos nos projetos de combate às fake news no Congresso. No Senado, do Líder RAPS Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e na Câmara da Líder RAPS Tabata Amaral (PDT-SP) e de Felipe Rigoni (PSB-ES). São projetos semelhantes, mas que tramitam em casas diferentes.

Os países que enfrentaram debate sobre fake news do ponto de vista de regulação caem em uma difícil tarefa: definir o que é fake? A Índia fez uma experiência do tipo e está há dois ou três anos sem encontrar uma solução, pois o que é falso e verdadeiro pode mudar com o tempo.

Ausência de lideranças na política brasileira?

Do ponto de vida mais simples, olhando o estado do mundo, a gente é tentado a dizer que sim. Mas estou há sete anos na RAPS, e na direção há dois, e isso me dá a oportunidade de conviver com boas pessoas. Há boas pessoas exercendo seus mandatos e papéis de liderança que precisam ser conhecidas, reconhecidas e apoiadas.

Existe pauta antipolítica no Brasil que tem ficado mais aguda, o que se explica por estudos e pesquisas que indicam a péssima percepção da população sobre cargos e instituições políticas, sobretudo por estarem comumente envolvidas em atitudes “pouco republicanas”

Por outro lado, temos boas pessoas atuando e gostaria de destacar, menos pelo mérito da proposta e mais pelo trabalho incrível de liderança e articulação política, a Líder RAPS e deputada federal Professora Dorinha (DEM-TO). O que aconteceu na votação do Fundeb foi em minha visão uma aula de política Quando vimos a foto do painel com a orientação dos partidos tudo “sim”, percebemos toda uma construção política em torno de um tema fundamental para a sociedade. E assim como a Dorinha, temos gente desempenhando papéis muito importantes em prefeituras, câmaras e assembleias estaduais.

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