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Nossa história

Sustentabilidade: uma política para o século 21

Maio/2021

Em 2010, após as eleições daquele ano, um grupo de lideranças sociais, políticas e empresariais reconheceu que a solução para grande parte dos desafios enfrentados pelo Brasil estava na arena política. Entendeu que um Brasil mais justo, com mais oportunidades, melhor qualidade de vida para todos e capaz de respeitar seus recursos naturais só seria possível com lideranças políticas capazes de assumir compromissos concretos com uma ação política inovadora, transparente, participativa, pautada na ética e na integridade e, principalmente, comprometida com o desenvolvimento sustentável.

Acreditou, ainda, que esses compromissos não poderiam e nem deveriam ser bandeira ou causa de um só grupo ou partido político, mas sim deveriam estar difundidos em todos eles, entre múltiplos atores com distintas posições político-ideológicas e graus de experiência na vida pública e que, para isso, era fundamental a participação e engajamento da sociedade civil.

Dois anos depois, em 2012, esse grupo fundou a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade – RAPS, organização sem fins lucrativos, apartidária e de atuação suprapartidária, pioneira na missão de contribuir para a melhoria da democracia e do processo político brasileiro e na disseminação da sustentabilidade na política institucional.

Escolhemos fazer isso por meio do apoio, conexão e desenvolvimento de lideranças políticas, estimulando a atuação em rede, traduzindo cotidianamente o nosso desejo de que é preciso colocar as diferenças de lado para encontrar soluções concretas para nossos desafios ambientais, sociais, econômicos e políticos. À essa capacidade demos o nome de Amizade Cívica.

Nossa fundação foi antes dos episódios de junho de 2013, quando uma onda de protestos mostrou ao Brasil e ao mundo a insatisfação da população com a qualidade dos serviços públicos ofertados, com as instituições e, em certa medida, com a própria qualidade da representação política. Tais eventos, e aqueles que o sucederam, mostraram que estávamos certos no nosso diagnóstico.
De lá para cá, muita coisa aconteceu.

No âmbito do nosso trabalho, nos dedicamos ao longo desses anos tanto ao preparo de candidatos e candidatas à disputa eleitoral quanto à qualificação do exercício daqueles que já possuem mandatos eletivos, sempre com base no diálogo, no conhecimento científico, nas melhores referências nacionais e internacionais disponíveis e na troca de experiências e boas práticas entre aqueles que possuem desafios políticos semelhantes.

Qualificamos diretamente mais de 1000 pessoas, auxiliamos na criação e fortalecimento de um ecossistema voltado ao empreendedorismo cívico no Brasil, colaboramos com a qualificação de campanhas eleitorais que resultaram na eleição de centenas de pessoas, publicamos conhecimento na área de política e sustentabilidade, ajudamos a fomentar um conjunto de organizações e movimentos que hoje se dedicam a pensar e experimentar aprimoramentos para a política institucional. Mas, nosso maior valor e nosso maior orgulho está nas pessoas e na rede que constituímos.

Hoje somos mais de 750 membros, de 29 dos 32 partidos políticos existentes. Dentre aqueles já eleitos, contamos hoje com 228 dos mais importantes e influentes atores políticos nacionais. No Congresso Nacional, são 8 senadores e 37 deputados federais, o que representa 8% do Parlamento. Adicionalmente, há 46 deputados estaduais, 2 deputados distritais, 2 governadores, 91 vereadores, 30 prefeitos e 12 vice-prefeitos. Gente diferente, capaz de cooperar pelos princípios e valores que compartilhamos.

No âmbito político, assistimos gradativamente a ascensão da agenda ambiental à pauta política, com destaque para a mudança do clima, desafio global para governos, sociedades e economias. Acreditamos que a transição para uma economia de baixo carbono é tarefa urgente e deve ser realizada sem deixar ninguém para trás. Testemunhamos, também, ao stress que as democracias liberais têm sido submetidas em diferentes países, com impacto significativo trazido pela tecnologia, e com a necessidade e oportunidade urgente de aprimoramento.

Ao longo desses anos, o mundo mudou e nós também. O que não mudou é nossa crença de que o equilíbrio das dimensões econômica, social e ambiental só é possível na arena política, por meio de decisões políticas e na produção de políticas públicas que beneficiem o maior número de pessoas pelo maior tempo possível. Que reduzam as desigualdades históricas do nosso país e que sejam capazes de aumentar a eficiência ecológica, restringindo os riscos de danos ambientais irreversíveis.

A Rede de Ação Política pela Sustentabilidade – RAPS nasceu com a crença de que a integridade do planeta, da natureza e da sociedade só é viável se formos capazes de constituir uma governança que também as assegure. Nascemos para fazer da política institucional um lugar melhor e para fazer do desenvolvimento sustentável uma prioridade dos agentes políticos. Ambas tarefas continuam importantes e urgentes. O trabalho continua.


Mônica Sodré, diretora executiva da RAPS.