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Seminário reúne políticos e cientistas para discutir a crise política do Brasil

25 de novembro de 2016

Seminário reúne políticos e cientistas para discutir a crise política do Brasil

Em parceria com a Fundação FHC, a RAPS convidou importantes personalidades do cenário político para debater saídas para a crise.
 
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Há saída para a crise que o Brasil enfrenta? Esta foi a provocação colocada no seminário “A Política em Crise: como virar o jogo?”, realizado em parceria pela RAPS e Fundação Fernando Henrique Cardoso, dia 24/11, em São Paulo. Como convidados, os cientistas políticos Fernando Limongi (USP) e Jairo Nicolau (UFRJ), o ex-deputado federal Fernando Gabeira e o senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP), além do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também prestigiaram o evento, os líderes RAPS Edvaldo Nogueira (PCdoB), prefeito eleito de Aracaju (SE), o vereador de São Paulo Ricardo Young (REDE) e o recém nomeado Secretário Municipal de Educação de São Paulo Alexandre Schneider (PSD).
Ao abrir o seminário, o diretor executivo da RAPS, Marcos Vinícius de Campos falou da importância de se discutir a crise política a partir de diferentes pontos de vista e experiências diversas pois isto fortalece a democracia e permite vislumbrar caminhos para superar a crise política do Brasil.
A primeira parte do debate trouxe a visão dos cientistas políticos sobre o que pode e o que deve mudar na política brasileira.
Para o professor Fernando Limongi, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e do Núcleo de Instituições Políticas e Eleições (NIPE/CEBRAP), poucos partidos realmente disputam o poder no Brasil. Em sua explanação, ele demonstrou que, a partir da análise dos resultados eleitorais, desde 1994, poucas legendas estão à frente dos pleitos e conduzindo as coligações no Brasil.
“Por trás da confusão de siglas nas eleições, há uma ordem clara: todos os partidos participam direta ou indiretamente da disputa, mas em condições muito diversas. Poucos são os cabeças de chapa que protagonizam as grandes coligações.  Geralmente três partidos vêm capitaneando as eleições, principalmente nos estados: PSDB, PT e PMDB”, explicou.
Limongi disse ainda que a lógica das coligações que reúnem uma grande quantidade de legendas não é programática ou ideológica, mas está ligada à ampliação do tempo de televisão no horário eleitoral.
“Partido grande se coliga com partido pequeno para ganhar tempo de TV  e dá cadeiras ao partido pequeno com o objetivo de  vencer a eleição para governador. É essa lógica que acaba provocando a fragmentação de partidos na Câmara dos Deputados”, finalizou.
Fatores imponderáveis
Também abordando o quadro partidário, o cientista político Jairo Nicolau falou sobre quatro pontos fundamentais da competição partidária no Brasil com base numa análise do período de   1994 a 2014.
O primeiro deles foi a relevância do PT nos 20 anos analisados, tanto no aspecto de organização partidária como em relação à resposta da opinião pública.  Este aspecto levou ao segundo ponto fundamental deste quadro, que é a bipolarização na disputa presidencial. “Foram dez turnos de eleição  polarizada entre PT e PSDB”, afirmou.
Ele explicou ainda que a alta fragmentação de partidos na Câmara dos Deputados e o financiamento empresarial nas campanhas, permitido até as eleições de 2014, completaram o desenho da competição partidária no Brasil até então.
Entretanto,  segundo Nicolau, três fatores imponderáveis  viriam mudar o quadro político no Brasil e  já influenciaram a eleição deste ano: as investigações da Operação Lavajato, a reforma da legislação eleitoral (que entre outras medidas proibiu doações de empresas para campanhas políticas) e o aprofundamento da crise do PT, inclusive com a saída de parlamentares importantes da sigla.
Na avaliação de Jairo Nicolau, o Brasil vai entrar numa nova fase de competição política e arriscou alguns palpites: “O PMDB será um dos atores centrais na reorganização da política nos próximos anos. Em 2018 não teremos a bipolarização PT x PSDB e vamos entrar num outro patamar de companhas mais baratas, com grande fragmentação partidária e sem o protagonismo do PT, que agora busca se reestruturar.”
Ao final da primeira mesa de debates, ambos os cientistas políticos concordaram que todos estes aspectos que caracterizam o quadro político brasileiro levam ao grande distanciamento  entre a classe política, os partidos e a sociedade.

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