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Prefeitas debatem impactos da pandemia na gestão local

10 de julho de 2020

Prefeitas debatem impactos da pandemia na gestão local

A RAPS, em parceria com a Fundação Fernando Henrique Cardoso (FFHC), promoveu em 9 de julho um webinar com o tema “Gestão local frente à pandemia”. O evento teve como convidadas as Líderes RAPS Débora Almeida (PSB-PE), prefeita de São Bento do Una (PE), e Paula Mascarenhas (PSDB-RS), prefeita de Pelotas (RS), além de participação de Sérgio Fausto, diretor da Fundação Fernando Henrique Cardoso. A moderação foi de Cássia Costa, gerente de Apoio à Ação Política da RAPS.

O debate abordou os impactos mais diretos da pandemia do novo coronavírus nos municípios, que são os entes federativos mais atingidos pela crise. As prefeitas compartilharam suas experiências em acompanhar mais de perto as consequências da disseminação do Covid-19, lidando diretamente com as estatísticas socioeconômicas e sanitárias da doença de forma mais direta e próxima. O evento trouxe realidades diferentes de dois municípios distintos: um no semiárido de Pernambuco, São Bento do Una, localidade de pouco mais de 50 mil habitantes; outro no Sul do país, Pelotas, a terceira maior cidade do Rio Grande do Sul, com cerca de 340 mil habitantes.

Impactos e recepção da população

Referência em saúde na região, composta por 23 cidades, Pelotas tem os setores de comércio e serviços como base da economia local. Por isso, a pandemia teve impactos relevantes no município. “Quando ainda não tinha nenhum caso, adotamos como postura fechar o comércio e contamos com grande adesão da população. Essa situação durou de 19 de março a 23 de abril, quando, devido a um estresse grande, aliado à diminuição dos casos, houve uma flexibilização”, explicou Paula Mascarenhas.

Após um período de flexibilização, o novo aumento do número de casos levou Paula Mascarenhas a editar um novo decreto restritivo. “A abertura foi importante. Fomos a última cidade brasileira com mais de 200 mil habitantes a ter um óbito. Atualmente, temos seis. Essa medida se deu por precaução. Agora, o tensionamento na cidade está maior, sobretudo porque estamos vivendo uma época de muita polarização política. Mas não podemos fugir das responsabilidades. Como gestora, fico em meio a isso, mas procuro ouvir a todos e buscar sempre serenidade, equilíbrio e bom senso para a tomada de decisões”, declarou.

São Bento do Una tem economia de base rural, com destaque para avicultura, agricultura e pecuária. Apesar da pandemia, o município comemora em 2020 o fim de um período de seca que durou oito anos. “Estamos vivendo dois extremos, com o novo coronavírus de um lado e de outro um ótimo tempo para a nossa zona rural, com as pessoas tendo água para plantio e colheita”, revelou Débora Almeida. “Tivemos um abalo econômico, mas como nossa base é formada por estabelecimentos e atividades essenciais, e também em razão do clima, conseguimos enfrentar bem o momento”, contou.

Débora Almeida afirma tem encontrado boa receptividade da população local em relação às medidas restritivas tomadas. “As decisões no início foram bem difíceis, principalmente com a suspensão das aulas, mas no geral a população nos entendeu. Na zona urbana temos quase 100% das pessoas usando máscara. Na Na zona rural, como ficam distantes e isolados, temos poucos casos”.

Medidas de combate

Em São Bento do Una, uma medida que se mostrou efetiva foi a organização do comércio local em grupos de Whatsapp. “Criamos os grupos para as pessoas comprarem e venderem sem sair de casa, isso estimulou até quem não era comerciantes a gerar renda”, contou Débora Almeida.

Na atenção básica, unidades de saúde, o município pernambucano promoveu a contratação de mais profissionais e adotou medidas para o hospital municipal, com a criação de novos leitos e aquisição de respiradores “Nos povoados, colocamos ambulâncias para trazer a população para a cidade de maneira segura. Adotamos também o atendimento virtual para saúde mental e a telemedicina, pois as pessoas ficaram com medo de ir ao hospital ou posto de saúde”.

Como os primeiros casos de Covid-19 aconteceram em regiões mais distantes, Pelotas pode se antecipar na preparação para enfrentar a pandemia. “Em fevereiro já tínhamos um plano de contingência”, contou Paula Mascarenhas. “Trabalhamos rapidamente para ampliar a rede de saúde, criamos notas técnicas e protocolos para os sete hospitais da cidade, definimos um hospital de referência para atendimento pelo SUS, criamos uma central de teleconsulta com médicos, enfermeiros e psicólogos, além de adaptarmos uma UPA para atender casos gripais”.

Pelotas conta com um comitê de crise plural, com especialistas de diversas áreas, para a tomada de decisões. “A partir disso, busco o caminho do bom senso para proteger a população sem esquecer que a atividade econômica é essencial, por isso também temos um comitê para a retomada econômica”, conta a prefeita.

Outro ponto definido em Pelotas foi o da fiscalização, em trabalho realizado de forma conjunta com as equipes de segurança pública locais. “Temos muitos projetos de orientação das pessoas e sentimos que precisávamos implementar uma multa para quem descumpre as medidas. Relutei muito, mas precisamos adotar essa regra”, disse Paula.

Atuação integrada e comunicação

A atuação integrada com outros municípios foi adotada pela administração das duas prefeitas e tida como fundamental para o combate à pandemia.

Débora Almeida destacou a importância de trabalho alinhado pela associação municipalista, sobretudo no início da crise. “Houve uma troca de ideias e experiências no grupo de prefeitos, compartilhamos muitas informações e experiências. Atuando de forma conjunta, tudo flui melhor. Estamos em um momento em que todos precisam falar a mesma língiua”.

Com Pelotas sendo parte da associação de municípios da região, Paula Mascarenhas foi na mesma linha. “Os prefeitos são muito próximos, ainda que pertençam a diferentes partidos. Há entendimento e solidariedade coletiva para as decisões”

Outro desafio destacado para o período é o da comunicação. As prefeitas têm falado com a população por meio de rádios, coletivas de imprensa e lives nas redes sociais.

Em Pelotas, a secretaria de Comunicação integra a linha de frente no combate a pandemia para o trabalho de informar sobre orientações de saúde e de transparência sobre as ações da gestão. “A comunicação para mim é um grande desafio humano, desde as relações familiares até a relação entre grandes nações passa por isso. Na pandemia, o desafio é ainda maior. Nunca me comuniquei tanto com as pessoas como agora e as pessoas nunca quiseram tanto nos ouvir”.

Débora Almeida também entende que a atual situação exige maior esforço de comunicação. “Com a pandemia intensificamos o contato com a população, passando as notícias boas e também as ruins, sempre com transparência. Outro fato importante também é clareza, precisamos ser muito didáticas para que a população nos compreenda perfeitamente”, afirmou.

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